terça-feira, junho 5

Outra forma de poema

Quero ainda encontrar
Uma casa mal-assombrada
Cheia de folhas outonais em sua entrada.
Mobiliada com relíquias abandonadas nos cômodos.
Com tanta lei mesquinha
Quem vai assumir que tem uma réstia de consciência útil?
Há tanto solitária
Haviam esquecido de exorcizar
As lembranças de dias não vividos lá dentro
Mas não há força invisível suficiente que resista ao perdão.
Contemporâneos plasmam os tardios desencontros.
E entre as teias das imedrosas aranhas
Haveria de estar escondido
O mais secreto dos tesouros
Um sarcófago em forma de baú
Contendo missivas sem remetentes
Apenas frases inocentes
Pérolas jogadas aos porcos do esquecimento.
E quem passasse na rua veria
Uma claridade inédita lá dentro
Era o amor espantando os aprisionados fantasmas
Que seriam transformados em almas novamente
Completando o ciclo da eternidade
E a casa agora seria
Atração principal da cidade
Apesar de seus mortos ainda existirem
Na penumbra dos amantes.

Elisa Carvalho
(Curitiba-2007)

Nenhum comentário: