quarta-feira, novembro 24

A terceira margem do poema


Tem certa época que deixo o tempo

Se engraçar aqui pra dentro de casa

Deixo ele soprar a fuligem dos móveis

Feito moço que veio de longe, galanteador

seduzindo a donzela confiante de suas prendas.

Agora estou me preparando para ele

Peço que me mostre sua forma concreta

Um esboço, um desenho ou um mero rabisco

De como ele é em sua essência,

Pois até hoje só o conheço de nome

Não sei o seu endereço, seu paradeiro, seu telefone

E nem um respingo de expectativa alimento

Pra pelo menos esperar ele fazer um contato

Dizer um “alô” e “me espera no portão tal hora.”

Eu nem tenho como enfeitar meu pescoço

Minhas orelhas e colocar anel de prometimento.

Engomei o vestido de renda e pendurei no guarda roupa

Ele nunca vai ficar amarelo no futuro

Nunca vai ter aquela cor de passado

Eu quero vesti-lo e me dar de presente.

Ainda convivo com os arquétipos da juventude

Tenho todos eles pendurados na prateleira

As esperanças lavadas, os romantismos fresquinhos no vaso de cristal

A imagem da sagrada família que viaja todas as gerações

Dos olhares e devoções.

O mundo com seus passantes

Ainda me comove. Só que ele está lá fora e eu não

O convido para hospedagem.

Nenhuma paisagem externa me demove deste cenário

Que ele mesmo desenhou pra mim

na terceira margem de um poema.





Elisa Carvalho




terça-feira, novembro 23

Pra ela!

Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for...

(Maria Gadu)


quinta-feira, novembro 18

Frag-Mentais (Neurastia)

(raio x dos meus neurônios em dia de festa...)

Frag-Mentais (do descobrimento)

(...assim começou, a outra que "soul"...)

Frag-Mentais (do descobrimento)

(...foi assim que descobri que sabia voar)

terça-feira, novembro 9

Frag-Mentais

Músculos começam a doer
mas é suportável,
cada parte da matéria que acorda
deixando pra trás a vida ordinária;
hoje, caminhados foram dois quilômetros
separando a antiga rotina
sedentária.

Há braços!
EC

Frag-mentais


Podem pensar que estou fingindo
que estou no delírio
quando saio por ai caminhando
mas é verdade
gente, eu de novo estou
malhando!

Há braços!

EC

segunda-feira, novembro 8

O Festival


É bom vencer,
sentir o gosto doce de um reconhecimento
depois de uma caminhada
de longa e amarga estrada.
Mas o que eu gosto mesmo é de escrever
nem paro por aqui....
Há braços!
Valeu pela torcida!!