quinta-feira, dezembro 1

Moço bonito

É porque todo ano você vem
com os braços cheios de presentes
penduricalhos para me enfeitar
está maduro com sorriso de céu azul
árvores em ti começam a brotar seus frutos coloridos 
e só eu sei da esperança
que atravessou comigo
as quatro estações para te esperar.
Pobre burburinho de gente
que passa por você
sem notar ou  perceber
o que vejo sem cerimônias
quando você  sorri
me convidando para as festas que faz para o samba, Santa Luzia, roda de mesa,
reuniões com amigos, nascimentos, batismos.. etc
Eu contigo vou
no embalo de seus deleites
com meus fusos horários despertos
seus beijos noturnos me olham de perto
por desapego maduro
das mesquinharias me despeço,
moço bonito que desenho nas sensações renovadoras,
te digo:  o que doeu
meu coração já  esqueceu
de nada triste me lembro
quando estou passeando
pelo meu caso de amor com Dezembro!

Elisa C.

(Na primeira madrugada de amor com ele)

domingo, novembro 20

Dia nosso.

Hoje, outro domingo teve um propósito especial de ser lembrado. Parte de meu Brasil comemorou o dia da Consciência Negra e a data coincide com o dia da morte de Zumbi dos Palmares. Acho estranho,no dia da  morte,  lembrar que a consciência existe seja ela que cor represente uma data. Para mim, Zumbi ainda vive na batalha interna de todo mundo que se prontifica a lutar contra o auto-preconceito, e dia 20 é justamente o dia oficial para não deixar morrer todo seu legado histórico.
A experiência de passar este dia no Quilombo de Santana e escutar a aula de Seu Miguel, com toda a simplicidade e respeito por sua cultura, fez com que eu o elegesse Mestre de uma oralidade que nenhum projeto governamental deve deixar sucumbir.
Seu Miguel levou-me a uma viagem no tempo em sua narrativa carregada de sabedoria, falou-me da fazenda que o tempo levou, dos senhores das terras que empregavam e não escravizavam seus trabalhadores, da igreja acima das montanhas e sua importância para as famílias que por lá se ajoelharam durante mais de duzentos anos.Transcendeu o passado respeitando o presente não permitindo que a especulação imobiliária devastasse sua história.
Seu Miguel é detentor do fruto-futuro de nossa libertação, é uma prova de que Zumbi dos Palmares realmente está vivo através da sua resistência em não transformar a comunidade num mercado turístico. Eu disse que Seu Miguel tem todo meu apoio em preservar o local, disse também que quem quiser que acampe por lá e deixe o verde limpo depois, também contei a ele que qualquer construção erguida, vai descaracterizar o cenário e que a única ESCOLA que tem lá é que deve ser palco anfitrião das iniciativas culturais e só.
Com a mesma atenção que o entreguei, sei que ele também me ouviu e muito me concordou. Fui embora sabendo que vou voltar, sai de lá com a consciência bem mais leve.

Elisa Carvalho

segunda-feira, outubro 24

Da libertação

Desculpe meu amor,
mas há muito te tirei dos botequins,
das paredes frias e das páginas amarelas;
convoquei legião de anjos
arcanjos e serafins
que sempre presente estavam comigo
oferecendo horizontes futuros,
amparos e ombro amigo, fui com eles explorar as ruas
vilas, casas e cidades,
sabe  meu amor
que nossa dupla
é honrada com prêmios,
violões e alvoradas,
eu quero com você é viajar
pois tem muita gente ainda para encontrarmos nas estradas
e cada sorriso que nasce
do simples rosto de uma criança
à face desbotada da velha dona esperança
é verso plural de nossa comunhão,
meu amor, sagrado Poema
companheiro das horas,
eterno pai de meus irmãos!

Elisa


Na tarde linda de primavera que começa a cumprir sua promessa!

Há braços!

quarta-feira, outubro 19

Vozes de um domingo à tarde

Foto: Sulamita Lage

Estar contigo
é uma entrega universal de sabedoria
a pouca que tenho
se espalha agora diante de sua maestria
de ter a canção florescendo
em cada face pétala de primavera.
Haverão amigos
de estarem em suas casas trancafiados em suas prisões dominicais
esperando a hora luta de segunda-feira
repusando corpos pelo caos da noite sabática
ou mergulhados em copos amarelos cheios de folga embriagada,
haverão muitos ensurdecidos pelo barulho do nada
enquanto eu,
como ovelha desagarrada deste rebanho
que saiu de fininho
sem fazer muito alarde,
acordo meus olhos
para que meu coração ouça
as vozes de um domingo à tarde.

EC

sábado, outubro 8

De 02 de outubro em diante


Vai ser esquisito
olhar as ruas centenárias,
nesta tarde de domingo,
que voltam a ficar vazias
despovoadas de tribos, troupes,
desbravadores valentes,
dando lugar a contemporânea realidade que escreve sua história
de uma forma um tanto diferente
do que a foi contada
na lírica das calçadas
que recebiam expectadores pés estáticos
mas com as almas encantadas.

É vida que segue,
mas só eu sei que ouvirei os sons dos tambores
batendo nas esquinas do meu pensamento,
direcionando essa gente que passa
driblando o ofício do não-esquecimento.

Sei que a lembrança de tudo o que vivi
vai residir em novo endereço,
novas paisagens da estação
escrita na certidão que afirma
que foi aqui,
no carnaval de fevereiro
que nasci.


E os atores do Mundo
fizeram FEsta
por isso a poesia do Universo,
agradecidamente a todos,
também se maniFEsta.


Até 2012!

quarta-feira, setembro 28

Alto Grau de parentesco

Ela chega de fininho
não faz barulho
nem bate educada na porta
já sabe que pode entrar.
Ela vem e quer perfumar os meus versos
domesticar minhas raízes e razões
Ela é dona de um parecer semelhante ao meu.
E deixo sem reclamar
que esta visita
permaneça colorida
esqueço as datas de recolhimento
tranco na gaveta
as cartas que não escrevi ao frio sofrimento
sou dela
sua esperada anfitriã
guardadora de segredos tecidos leves
com ela eternizo os dias
nem ligo pra tudo o que seja breve
de tanto festejar
somos quase parentes
não diria atrevidamente que somos irmãs, (pois me rendo a todas as fases)
Mas ela me seduz sem prometer banalidades
renova as velhas quimeras
dentro da minha casa
alma que habita e mora
dorme comigo a PrimaVera.

EC

quinta-feira, abril 7

Outra página

Na minha véspera de alegria,


meu coração é só espanto e agora sangra junto com as mães que pensam estar seus filhos

em um lugar seguro onde se escreve e estuda o futuro.

O mundo tem tantos cenários para tragédias, praias lindas com o mar azul afogando gente por tsunamis,

serras verdes românticas sendo desmanchadas por avalanches de lama e saudades soterradas,

tudo me conduz ao estarrecimento, minha compaixão não tem limites e expande fronteiras para fazer o que aprendi desde pequena com minha avó: pedir a Deus forças para meus irmãos, assim, ela me dizia, era uma forma de enviar solidariedade com o pensamento do coração.

Todos os lugares deveriam servir de palco para a morte, menos a Escola; que sempre foi para mim, um templo de encontros de expectativas, convívios amistosos, construção de amizades, diário escrito para as descobertas, enfim, escola é feita para acontecer vidas e não mortes de qualquer natureza.

Minha dor já atravessou quilômetros de distâncias, indo parar em Columbine e outros lugares, notícias que chegavam pela tv, jornais e conversas com o alheio.

Hoje, fico sabendo da tragédia que assombrou uma patriota cidade maravilhosa, de imediato lembrei da velha frase: pensamos que só acontece com os outros e nunca com a gente. Estava entre meus alunos, crianças que estão aprendendo a conhecer suas vidas e ainda não sabem qual página será lida amanhã; quis o abraço protetor deles, o olhar, o sorriso, carinhos tantos e braços abertos a me receberem todos os dias, suas inocentes presenças para enxugar minhas lágrimas com seus apegos e isso eles conseguiram: acalmar minhas indagações diante do destino que a partir de hoje não sei mais de que forma será escrito enquanto a perplexidade existir.

Há braços.
Elisa

sábado, março 26

Frag-Mentais

Essa mania que muitos tem de querer aparecer,
ainda vai sumir.passe o mouse...
(ec)

Minha Poesia discutiu com seu namorado Poema
porque ele chegou em casa de madrugada
de pileque.
Ela é dona de uma bravura tão grande
que já admite entendê-lo depois que curar o porre
e fazerem as pazes ao som de uma ária.
Isso vai dar samba....
(ec)

quarta-feira, março 23

Sem essa, com aquela...

Sei que o tempo me assusta,
mas busco no espaço sempre uma alternativa pra viver melhor.
Procuro ver o avesso de minhas inseguranças
sei que há uma coragem que precisa ser enxergada
ela é necessária como o pão de cada dia
por isso estou aprendendo a escutar a música da vida
enquanto a grande maioria das pessoas só percebe as dissonâncias...


Muitas vezes exatamente aquilo que notamos no outro
como impropriedade, verdadeiramente é o padrão que repetimos ao longo de nossa vida.

Tenho dentro de mim um elenco de coadjuvantes, que não deixo que brilhem.
A máscara que me cobre o rosto não é a mesma que me veste a alma.

Sim, paguei minhas dividas, vez por vez, eu completei minha sentença...
mas não cometi nenhum crime sério.
Nunca desejei que eles mostrassem o que esperam de mim,
vou seguir meu coração sempre.
 Em meio a tudo isso, descobri que gosto de pessoas
 mas a companhia do silêncio é essencial, às vezes.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço
 não sou  nem QUERO ser, a mulher-maravilha cheia de teorias pra papos cabeças
(é chato pra ca...)
tá valendo ser apenas uma pessoa vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa.

It's true!

Há braços!!!!

sábado, janeiro 29

Troca de divã, olha só!

Desde que troquei a conta do divã do psicanalista
pela maca confortável da minha querida Marilene, a esteticista que é mais do que esta profissão,
é uma contadora de histórias que até os meus poros mais profundos e secretos ela sabe cativar, agora confio na certeza que tenho de saber olhar a vida de cara limpa.
Há muito tempo deixei a arrogância da juventude e a lira dos vinte anos guardadas no bau das esquisitices cometidas por quem achava que podia o que queria.
Hoje, a serenidade me deixa mais a vontade para apreciar os estragos feitos por esta geração que danifica as estradas, que abrimos sem vergonha nenhuma, para que ela pudesse passar de uma forma menos caótica.
Todo este feito foi conquistado a base de muita leitura, observação, ocasionais divãs e terapias de botequins.
Daquela galera de ontem, hoje cada um foi pro seu lado. Nos reencontramos na lira da sobrevivência, cada um com suas rugas e bagagem.
Alguns ainda discutem Napoleão.
Por mera questão de recolhimento saudável, esqueço da vida que tanto aprendeu a me cobrar desde cedo, quando me entrego aos cremes, massagens, laserterapia e outras parafernálias que a ciência inventa para amortecer o avanço do tempo que unifica sem dó, o corpo e a mente, porque mesmo sendo perecíveis, são lindos empréstimos para sã utilização.
Então, é de rosto lavado que sento no sofá de mim mesmo e assisto aos espetáculos gratuítos da desinformação e algumas surpresas me demovem da idéia de que nem tudo está perdido. Ainda me reconheço em algumas novas faces e sorrisos.
Enquanto isso, meu alívio é saber que a eternidade abraça o artista quando ele deixa sua obra pelo caminho aberto lá atrás; isto é que me faz repousar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente enquanto o peeling natural se renova e os ácidos fazem efeitos.

Há braços!

segunda-feira, janeiro 17

Carta para minha mãe

Mãezinha querida,

É de manhã, estou escutando a frase daquela música "Há tempos" e escrevendo na minha humilde insignificância diante de ti, quando o assunto se volta para suas decisões pensadas e sábias aos olhos de quem quer enxergar um nova realidade a cada resposta que você dá aos seus filhos que ignoram sua matriz.
Mãe, sei que seu curso é vital para nossa evolução no cosmos, sei o quanto você nos ensina, mesmo quando a combinação de água e terra seja uma tragédia e que muitos de meus irmãos já se foram para sempre, não como vitimas de sua fúria, pois conheço seu temperamento; mas por conhecer a sobrevivência em forma de desaviso.
Há dias meu coração também está inundado de tristeza, mas esta catástrofe não soterrou minha sensibilidade e minha dor não está desaparecida debaixo dos escombros. Ninguém melhor do que você sabe mensurar o meu amor pelo semelhante e sei que por ele não faço nem a metade o que poderia ser feito, mas ainda assim aprendo todos os dias e sem cerimônias a melhor maneira de aprimorar este sentimento que só machuca quando é arquivado na gaveta da indiferença.
Depois da tempestade, vem o silêncio da perda. Mas o barulho que faz o verbo recomeçar emite um som que vibra e alcança os corações em qualquer parte deste mundo de meu Deus.
Eu sei mãe, que a lei é cumprida quando você acha que é necessário adormecer uns para acordar outros, o despertador da compaixão toca quando ainda estamos num coma profundo de insensatez.
Esta carta é um desabafo pessoal de quem também se movimenta e promove mudanças internas, quando o pensamento estaciona na vaga da egolatria.
Prometo te escrever depois, contando como estamos reagindo diante deste modificado cenário que é amenizado quando a árvore da solidariedade floresce e tenta sanar com seus frutos a ferida aberta dentro das indagações presentes nas identidades tocadas pelo destino.
Ah! mãe, a frase da música que falei acima, é aquela: "Compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem..." São palavras musicadas em verso do Renato Russo,  amado poeta melódico do meu tempo e tão inquieto como eu sou agora, e como antes não era.

Fique com meu beijo e meu respeito por suas decisões.
Lhe peço a benção, minha amada mãe Natureza.

Elisângela, ou Elisa como você se acostumou a me chamar.

segunda-feira, janeiro 10

Frag-Mentais da libertação - II

No começo
pode parecer dolorido
deixar a carne livre daquele cárcere
de ferro sentimento corroído.
Libertar-se dói,
ser livre é que não.

ec

Frag-Mentais da libertação

Deixei só uma lágrima falar por mim hoje,
é que meus olhos estão calados
por não saberem rimar  silêncio
com espera...

ec

Frag-Mentais do aviso

Desculpem o transtorno
mas os desejos
estão em obra.

EC

domingo, janeiro 9

Miss you

As vezes a vontade de acertar
não sai dos planos irrealizados
Enquanto isso te desenho
e a reconheço
entre os símbolos,
 vertigens
de um desengano sentido
sexto...
(ec)