domingo, dezembro 27

O menino astronauta

Fiz a letra e o Bianco Marques musicou.Nossa homenagem carinhosa para estas crianças.



quarta-feira, dezembro 23

Prece de si.


Ôôô meu criador que estais na terra assim como no céu de brigadeiro
dai-me a esperança de ser apenas mais una
de ser mais criança quando não quero
de ter mais elegância no meu palpite
quando solicitado e sincero.
Peço pra mim
porque não adianta pedir para os outros
para eles vai somente meu bom desejo
soprado das mãos  feito espumas no vento.
Peço para mim a eterna donzelice
e que não seja comida por arrogâncias
corroída por desafetos que encurtam a vida
Painho, mate a fome da inveja com formicida.
Sei que no próximo ano
haverão mais festivais, canções, invenções, versos,
ruas e teatros
e que chegue mais gente pra inaugurar o seu primeiro ato.
Que meus erros cheguem com certificado assinado
que eu realmente aprendo é com eles.
Peço continuar
caminhando na estrada do agradecimento
agregando os amores pelos chegantes mais próximos.
Peço ainda que eu saiba
que toda vez que me levanto
é porque muitas vezes
eu mesma me derrubei.
É isso!

Aquele abraço!

Elisa C.

domingo, dezembro 6

Faca do esquecimento

Descobri Orides Fontela*
morta
na voz de outra poeta Angela Melin, que respira
que com ela vive
e a ressucita
nas margens do esquecimento poético
que me atravessa o peito
e corta
e fere
e sangra
A visita da velha senhora
que conheci calada
no silêncio que jaz o passado
em cenas de um documentário póstumo
preto no branco no preto
ilustrou-me o reflexo da solidão
desafiou as vertigens do mundo cão
esfriou a língua
mordeu a postura
entrega à realidade
sem frescura ou maldade
por si e só,
sem a cumplicidade da vaidade banal
Orides ancorou-se na poesia
convidou ela mesma
a ser imortal.
Conseguiu.

EC

*Orides Fontela
1940-1998

terça-feira, dezembro 1

quatro ponto três

Ontem encontrei veterana amiga de equipe de gincana nos oitenta.
Mesma idade, mesma data de aniversário, casamento bacana, um filho e uma carreira sólida.
A "mocinha", entre uma satisfação e outra de reencontro , não disfarçava o nervosismo quando falava
de avanços. O futuro parece que a espreita constantemente.
A "mocinha" ainda ama ser chamada pelo apelido de debutante. Tem que chamar de Lilinha*. Acha que ter o "inha" no final do nome ainda a remoça.
Orgulha-se do botox, dos silicones, das plásticas, "cadimias", do bumbum empinado e do marido que não trai por causa de sua devoção no templo da insistência em se manter jovem.
Não resisto e arrasto a "mocinha" para um chopp.
Depois da terceira pedida, ainda extraio alguma coisa de bom em nosso papo.
Garimpei as nostalgias que vivemos e juntas gargalhamos mais ainda das frustrações da
adolescência.
Foram algumas horas de alívio quando revivemos o que já se foi. E da saudade dos nossos amigos que se foram para sempre.
Ao voltarmos para o presente não havia mais nada do que falar.
A linguagem não era  a mesma.
Falei da minha gratidão por estar viva.
Ela falou de sua gratidão por estar inteira.
Combinamos de nos vermos de novo antes do Natal.
Ela não vai viajar em festas de fim de ano porque está economizando pra fazer
uma plástica no nariz.
Vai deixar o filho e o marido irem para a bela casa de praia que tem em Cabo Frio.
Ela não gosta de lá. Gosta de si mesma. E só.
Quando eu disse que estava feliz por chegar aos quarenta e três anos (por extenso mesmo) ela
me disse que nunca pronuncia sua idade.Nem numericamente muito menos por escrito.
Não estou com tempo para comentar os equívocos alheios. Deixa a vida correr, no meu rio quem navega
é minha correnteza própria.
Deixa a "mocinha" se divertir com a preservação de seu meio ambiente.
Minha amiga de ontem, parou no tempo hoje e fico feliz de nos encontrarmos no amanhã.
Inteiras e Vivas!
Graças a Deus!!!!!!

EC