quarta-feira, outubro 14

Das recomendações do amor

Uns dizem que tenho facilidade em escrever.
Outros me perguntam sempre onde eu estava quando fui instrumento
gerador da poesia que acabaram de ler e sentir.
Eu, leitora ávida que sou de tudo que se resume em boas palavras
admito que não tenho facilidade em escrever
e não vou a lugar nenhum na hora da concepção poética.

O poema é que me encontra facilmente dando bandeira por ai.
Ele é o locador das minhas novas oportunidades.
Todos os lugares possíveis de serem vividos, penetram em mim.
Sou cavalo do Verso que é minha entidade.
Estou a serviço da alma inventada em forma de canção,
mucama feliz com identidade
tecendo o manto com linha fina
que veste a minha nossa senhora da Inspiração.
Sofro com os olhares mal resolvidos
alegro-me com os amores bem recebidos
sou cria da esfera das possibilidades
todos os dias mato um pouco
aquilo que me faz pensar na vaidade
de que tudo o que tenho é do “meu”
O amor recomenda ser intenso, sem ser embaraço
e estando a seu dispor
o que se escreve nas linhas que traço
é também teu, é dela,
é nosso.
É no coletivo que cresço
por isso digo em princípio
em origem de tudo que se faz em nome dele,
todas as chances que mereço
vem dos “outros”
vem dos indiretos carinhos,
vem dos atalhos que fazem com que
cada verso, lá no fim da estrada
não chegue sozinho.


EC