terça-feira, julho 31

AntiAquece


Amor, ainda dá tempo
vamos driblar essas grandes proporções
que dizem dos aumentos climáticos,
deixa de lado essas pessoas
que se julgam poluentes,
e vamos voltar lá pro comecinho,
onde tudo é puro,
como água batizando a nascente
o ar não é comprometido
os polares ainda são calotas,
vamos sair amor, do concreto desta selva idiota.
Vamos viver na roça!
Jeca é que não és,
maricota é que não sou,
mesmo assim lá, ainda nos cabe
no sertão também se faz o roquenrou.
Vamos fugir das inundações,
da fera terrível da ambição,
construir nossa casinha
plantar milho, feijão
e cozinhar tudo no fogão a lenha.
A rezadeira falou que Deus dá vida longa
pra quem tem simplicidade,
a gente anda de charrete
e dá adeus aos monóxidos que vivem na cidade.
As estrelas não vão nos deixar ter insônia,
ninguém vai desmatar nossa amazônia.
Amor, a gente tem chance
os especialistas não garantem
mas eles erram as previsões,
o tempo de amar é esse
e que se danem os furacões!


Elisa Carvalho



sábado, julho 28

Gotas Claras


.....chuvas

gotas claras mil

gotas minhas em você,

gotas de pássaro no fogo!"


Música: Gotas Claras

de: Sara Bentes

Meu signo na astrologia Celta


EL CEDRO (la Confianza) - 09 a 18 fevereiro


De una belleza extraña, sabe adaptarse, gusta del lujo, de buena salud, es una persona para nada tímida, tiende a ver de menos a la demás gente, segura de sí, con determinación, impaciente, le gusta impresionar a los demás, de muchos talentos, industriosa, saludablemente optimista, en espera el único y verdadero amor, *capaz de tomar decisiones rápidamente.(* isso é fueda)

terça-feira, julho 24

Láctea das estrelas


Não vou parar meu mundo
pra tentar saber onde está você agora.
Simultâneos fenômenos
acontecem e desafiam a teoria
desse caos inexplicável
que nos afastou desde a explosão
da primeira estrela.
Vou tocar a vida
e desafiar a eternidade
a roda tá viva
e gira
na força de uma sintonia
que tem a arte a nosso favor
e vai nos unir num segundo de um instante
a ponto de perguntarmos:
Por que não nos conhecemos antes?



Elisa Carvalho


sábado, julho 21

Retinas


Hoje já não sorri como antes. Antes não se saberia se sorriria de menos como hoje.
Não faz auto retrato,
quer de seu mundo o único fato
se esconde pra ser feliz.
Ainda pensa em escapar por um triz.
Tem vida pulsando
depois que os vidros da janela se abrem
tem slogan solar depois da noite fria,
temperada pelas virtuoses.
Hoje já não sonha como antes,
não dorme o mais profundo sono
dos cansados navegantes,
mas ainda se veste de pérola e marfim
ainda exala carmim,
e brinca no céu de coralina.
Seus desejos não cheiram naftalina.
Hoje, já nem tão menina quanto antes
transforma em relíquia o seu segredo,
tem medo consoante que o destino
venha ceifar suas escolhas.
Hoje, já nem tão refeita
quanto antes
quer o flagelo do não ser Eva
expulsa pela fera.
O dente ciso guardado para fada dos sem juízo,
Está mimada,
quer o repouso do outro em teu sentido.
Espera o toque de recolher,
marcas no corpo de se Ter.
Despeço-me.


Elisa Carvalho




De retorno e náufragos.


Pronto!!
O sopro do corpo acorda
e se enche de vida,
enquanto dorme a alma
calada e enfraquecida.
Todo este ritual pagão de virtudes
escapadas do outro eu,
evaporam-se
junto com o aroma das flores
depositadas na lápide da saudade,
(são as sobras de mim)
de uma tristeza que morreu
junto com as lembranças de um sonho
que nunca aconteceu.


Anoitece, e as luzes da cidade
guiam meus passos de neon.

Caminhando se amanhece.


Elisa Carvalho

terça-feira, julho 17

Eu te amo, e agora??


Vamos escrever esta história e esperar que as flores cheguem
Antes, durante e depois.
Eu te amo e nós dois?


Eu te amo e agora?
Sei que a paixão não tem hora e o tesão nunca demora
Pois o imperativo biológico supera as teorias científicas
Das bobagens esquisitas que ficam do lado de fora.
Carrego uma aventura genética, que deixa em dúvida
A ditadura da estética.
A boca quer a língua passeando
Sem saber como, onde e quando.


Eu te amo, com a química imodesta
Dos hormônios em eterna festa, ouvindo música erudita
Este sentimento faz milagres, acredita?


Eu te amo com o desafio dos neurocientistas, sociólogos e historiadores
Que não passam de filósofos amadores, a passar o tempo codificando o DNA
Dos impulsos codificados pela lógica
E ela (a tal da lógica) não tá nem ai,
Nem pra você e nem pra mim em nenhuma época do ano;
Não a encontrei quando descobri que possivelmente te amo.


(A Vênus distraída fugiu de casa, pegou o trem e foi parar no Nepal),
fugindo das academias, dos bíceps largos e bonitinhos infláveis.
Ela, volúpia e mente meditam nas altas colinas
E tocando as estrelas a olho nu, hoje faz amor com seu guru.)


Eu te amo bem no espaço universal em que cabe a minha poesia
Depois de uns goles a mais de água mineral,
Há o que se considerar na sobriedade, somente depois é que sobra a idade
Com altos padrões e teor de maturidade: é linda minha cara metade,
É igual minha alma gêmea. Meu masculino é fêmea.


Eu te amo com a força de quem agüenta as pontas, quando chegarem as contas;
Vestida de sal, despida de fatal, talhada no real e na tolerância dos dias confusos.
Eu te amo com as localizadas gordurinhas em fase de extinção
(elas fazem mal ao meu coração e não ao seu tesão),
com as pálpebras estreitas que não tenho, com corretivo nas olheiras
todas as compensações a que tenho direito mais os nativos truques que tenho na bagagem.
Eu te amo sem silicone no peito, tem coragem?


Eu te amo sem as síndromes explicadas pela medicina, com o desejo pelo desejo de se ficar,
Sem medo da impermanência, apesar de acreditar nos avanços da ciência, para esta possibilidade ser solucionada de uma vez por todas: Abaixo a carência!
Eu te amo com as mãos cheias de esmalte clarinho nas unhas,
Caminhando contigo naquela praia que tem o por-de-sol pintado
No quadro da sala do ginecologista regular.
Com o cheiro do tempero que fiz para agradar, o doce sem açúcar não importa,
Mas é com afeto, o Chico sabe do meu querer predileto.


Eu te amo ressuscitando tudo o que é brega e não sei,
Vendo as rosas vermelhas virarem pétalas na cama, e a sidra na taça de vinho
(de etílicos também nada sei).
Seu corpo dizer que está em chamas, na única vaga do motel
Ouvir a música que não canto e para meu espanto; escutar também que irei ao céu.


Eu te amo e agora?
Fisicamente a matéria se decompõe
Eu não quero dinheiro, eu só quero amar.
Eu te amo sem overdoses de epístolas deslumbradas de um gostar transbordando
(pecar por excesso, mas jamais sufocando).


Amo porque o instinto é animal de estimação,
Válido enquanto durar a canção que está em primeiro lugar das paradas de sucesso,
Enquanto nascem estas palavras filhas de meu cruzamento com a inspiração.


Eu te amo com o processo de alimento, como quem faz o poema nutrição,
Não só para a alma, mas também das pernas.


Eu te amo e agora?
As sentenças são eternas, assim como o diamante, por precioso e cintilante
Eu te amo tanto
Quanto antes.

Elisa Carvalho

terça-feira, julho 10

Livros,webs e alguns esquecimentos


No fim do verão fui parar lá pras bandas do vale do Jequitinhonha na companhia de um amigo poeta, com a finalidade bem remunerada de escrever um roteiro para seu curta e conhecer a cidade onde ele passara a infância. No caminho, suas histórias dos tempos de criança ajudavam a suportar o calor violento dentro do carro.
20 horas depois de partirmos do Rio de Janeiro, chegamos à pequena Araçuaí. Mal nos acomodamos na pequena casa da família e já fui chamada para conhecer a cidade. Minas é Minas, não tem como negar sua pureza hospitaleira. Fui na escola onde ele havia estudado. Sua antiga professora o recebeu com festa. Mostrou a pequena escola e a biblioteca onde ele passava a metade do tempo no período das aulas. Só que ele não ia lá para ler, ele ia para namorar; entregou ela.
Ouvi duras críticas por parte do meu amigo que percebeu que a biblioteca abrigava orgulhosamente dez computadores de última geração e ele temia que os livros fossem esquecidos de vez pelas crianças. A boa senhora começou uma argumentação interminável com ele, aproveitei para me afastar de fininho pois de nada ia adiantar minha participação naquele diálogo idealista, e fui caminhar pelos arredores da escola. Um vento puro de pomar reinava calmamente. Comecei a observar as árvores que ali estavam imponentes e silenciosas fazendo nobre recepção para minha fuga daquela discussão banal que não ia dar em nada. Pensei em voltar lá dentro e encerrar a conversa dizendo a eles que sou a favor sim, da revolução tecnológica. Os livros estão ai mesmo para serem dizimados pelo esquecimento. Qual o problema em estudar pelo computador? Nenhum. Quantas árvores daquelas que vi, foram sacrificadas para virarem folhas de papel sem nenhum resultado? Muitas. Quantos escritores bons estão esquecidos pelas editoras? Vários, mas através da internet pode-se ler muita coisa de qualidade. Já vi salas lotadas de livros didáticos e romances, estragados pelo descaso da rede pública. Quanto sacrifício em vão. Quanta árvore assassinada a toa. E o oxigênio vai se esgotando no planeta.
Quis levantar essa polêmica em defesa ecológica, mas preferi silenciar. Em tempos de aquecimento global, se publicar um livro é atestado de capacidade intelectual e sinônimo de conhecimento e prestígio, prefiro ficar no anonimato virtual e esperar que a inclusão digital faça o resto. Quero mesmo é descansar à sombra de uma árvore e continuar escrevendo para leitores e não para publicar um livro.
Voltei para a biblioteca e eles já estavam em paz tomando cafezinho. O assunto já havia mudado de rumo e caído no esquecimento.

Elisa Carvalho