sábado, julho 21

Retinas


Hoje já não sorri como antes. Antes não se saberia se sorriria de menos como hoje.
Não faz auto retrato,
quer de seu mundo o único fato
se esconde pra ser feliz.
Ainda pensa em escapar por um triz.
Tem vida pulsando
depois que os vidros da janela se abrem
tem slogan solar depois da noite fria,
temperada pelas virtuoses.
Hoje já não sonha como antes,
não dorme o mais profundo sono
dos cansados navegantes,
mas ainda se veste de pérola e marfim
ainda exala carmim,
e brinca no céu de coralina.
Seus desejos não cheiram naftalina.
Hoje, já nem tão menina quanto antes
transforma em relíquia o seu segredo,
tem medo consoante que o destino
venha ceifar suas escolhas.
Hoje, já nem tão refeita
quanto antes
quer o flagelo do não ser Eva
expulsa pela fera.
O dente ciso guardado para fada dos sem juízo,
Está mimada,
quer o repouso do outro em teu sentido.
Espera o toque de recolher,
marcas no corpo de se Ter.
Despeço-me.


Elisa Carvalho




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