Acendeu a luz no meio da noite e brincou de possuir.
Inquieta e múltipla, não pediu licença nem reservou mesa.
Não perguntou se a rima estava acesa,
se o perigo estava rondando a casa,
ela não tem vigia, níveis de segurança, alarme.
Não avisa.
Entra sorrateiramente no território do senso estético do querer,
que o radar não identifica suas forças amadas,
armadas até os dentes.
Sua tenda se enche de vapores
Numa tentativa lúdica de exorcizar
o possível futuro abalo sísmico de seus anseios,
suas entregas, seus pudores sem regras.
Mas teima assim mesmo.
E a outra, para desvencilhar-se da cerimônia intimista
da escalação do elenco principal
que vai atuar em mais um capítulo desta história, reluta.
Mas a pulsação insiste.
Tem seu objetivo, sua vocação predestinada
que não dá crédito as suas fugas.
Fica de sentinela.
Simula uma demissão, se candidata ao exílio voluntário, faz pirraça...
Mas é tudo em vão.
Vencida,
dilui-se no azul oceânico, e o continente de terra firme
vai ficando cada vez mais longe até se perder de vista.
Mergulha fundo,
com a habilidade e astúcia de escafandrista,
ela já está na órbita de outro mundo;
Pousa, coloniza, fixa bandeira,
passeia por seus dias,
classifica as fronteiras,
derruba os mitos,
explora o solo,
fertiliza.
De alma lavada, clareia os horizontes.
Sua coragem agora é criada na fonte.
Agora é forte.
Escreve por fim,a letra sensível que toma forma
na forma de um verso torto.
Feito em uma viagem de retorno possível,
ela sabe.
Que não,
nunca será perecível.
Elisa Carvalho
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