quarta-feira, junho 30

Para ler com o descobrimento

Sinto a pena endurecida em dias de estio intenso
dias de castigo para o chão sem água penetrando
virgem me sinto sem o assédio daquela palavra,
entro de sola nas taquicardias de um verso fecundando.
Ontem senti o desamparo de saber-se só,
a manada passou sem nenhuma cerimônia
e quase leva o novilho em redemoinho junto
afogando suas patas neste turbilhão de andanças.
Mas meu pedido vem em forma de oração
e não há semi deus nenhum que interfira,
é no altar que coloquei nossa comunhão.
Eu sem rédeas, sem pudores
sem disposição para alimentar os rancores.
Atravessando o deserto da cozinha até a sala
procurando caminho do entendimento
de ser diferente porque sei em quem não pisar;
o silêncio me convidou a enxugar os olhos
quando a minha varanda mostrou
que nela estava uma solitária flor
vencendo os limites de uma porção de terra
dentro de um vaso de plástico
ela insistiu em ser natureza
assim que a vi desabrochar.

EC

Este poema é para minha mais nova inquilina, que batizei de Olinda,
a flor de maio que acabou de chegar aqui.

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