quarta-feira, junho 30

Escolhidos

Eu tinha opções lá naquela tarde de terça feira,

Onde o abre-alas cantava na chuva fina do verão de carnaval,

Uma série de tarefas a fazer, veio logo me visitar, enquanto chorava o primeiro engasgo de sopro de ar estreando naquela sala de parto.

Dizem que as rezadeiras passaram na rua depois do bloco.

Não sei se a oração subiu até aquele andar, mas o milagre existiu naquela urgência.

Quando veio o manto da sensibilidade para embalar o processo humano de

toda neo-existência, eu senti aquela proteção ali bem pertinho de mim.

Como se as impurezas futuras estivessem fora de foco.

Mais tarde fui percebendo as dores do mundo

aqueles dissabores profundos que levam o ser humano a se ajoelhar

e se sentir oprimido diante de uma grandeza que nem sei medir.

Mas se o sofrer engrandece porque então se diminuir?

É o presente fato de novo

Dos revezes mal percebidos;



Ontem vi a minha vizinha sair de casa pra ir morar numa comunidade

Hare crisna.

Vou esperar ela voltar porque receita de bolinhos de espinafres ela sabe

fazer como ninguém.

E alguma coisa iluminava nossos pratos ao preparo em volta do fogão.

Escolhemos saber cozinhar e nos reunir.



E quando a saudade dela bater, eu vou abrir nosso caderno de receitas.

assim só eu poderei alimentar a expectativa de uma volta.



Tem gente que escolhe ser saudade ausente

Outros decidem seguir um atalho mais rápido pra chegar ao não sei onde.

Mas aquele engasgo lá atrás me vitimou a ser acolhedora.

As vezes entro numa caverna onde toda claridade some,

e o breu se convida a ser meu guia.

Ando por ela todinha e depois saio de lá com os olhos mais apurados.



Alguns se resolvem numa travessia,

Outros querem estender a passagem toda se remoendo.

Eu escolhi caminhar a passos pequenos,

Que seja assim minha escolha na vida

Porque escrever é minha alavanca,

que me dá forças pra tocar as manadas de pedras,

Fazendo-me entender e alcançar o verbo: palavra!





EC

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