O cara não tinha pedigree
Tomava cachaça depois do trabalho.
O trabalho não era tão ruim assim
mas o cara, depois da quinta dose,
deixava os respingos na barba
provando que era macho
o suficiente para esbravejar contra
o salário e o aumento
que nunca vinha.
Depois ia pra casa
comia feito porco,
arrotava em frente a televisão.
Abria uma cerveja
entupia-se de tédio e suor.
Não tomava banho antes de acordar na manhã seguinte.
Ela chegava em casa e o encontrava.
Havia espalhado para as amigas
que estava morando com um cara.
Quarto casamento. Não sabia viver sozinha. Mas não admitia.
Queria continuação da mesma anti-novidade.
Tinha que ter o lado B, tocando no play.
Senão ia servir de assunto pros outros
queria chamar as amigas de invejosas
porque elas não conseguiam um namorado,
um companheiro, um marido ou, na pior das hipóteses
um macho.
Ela
queria alguém
só não queria
saber quem.
Elisa Carvalho
Um comentário:
Muito bom, Elisa...
Lembrei de "Com Açúcar Com Afeto" do Chico...
Beijo...
Parabéns!
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