segunda-feira, janeiro 17

Carta para minha mãe

Mãezinha querida,

É de manhã, estou escutando a frase daquela música "Há tempos" e escrevendo na minha humilde insignificância diante de ti, quando o assunto se volta para suas decisões pensadas e sábias aos olhos de quem quer enxergar um nova realidade a cada resposta que você dá aos seus filhos que ignoram sua matriz.
Mãe, sei que seu curso é vital para nossa evolução no cosmos, sei o quanto você nos ensina, mesmo quando a combinação de água e terra seja uma tragédia e que muitos de meus irmãos já se foram para sempre, não como vitimas de sua fúria, pois conheço seu temperamento; mas por conhecer a sobrevivência em forma de desaviso.
Há dias meu coração também está inundado de tristeza, mas esta catástrofe não soterrou minha sensibilidade e minha dor não está desaparecida debaixo dos escombros. Ninguém melhor do que você sabe mensurar o meu amor pelo semelhante e sei que por ele não faço nem a metade o que poderia ser feito, mas ainda assim aprendo todos os dias e sem cerimônias a melhor maneira de aprimorar este sentimento que só machuca quando é arquivado na gaveta da indiferença.
Depois da tempestade, vem o silêncio da perda. Mas o barulho que faz o verbo recomeçar emite um som que vibra e alcança os corações em qualquer parte deste mundo de meu Deus.
Eu sei mãe, que a lei é cumprida quando você acha que é necessário adormecer uns para acordar outros, o despertador da compaixão toca quando ainda estamos num coma profundo de insensatez.
Esta carta é um desabafo pessoal de quem também se movimenta e promove mudanças internas, quando o pensamento estaciona na vaga da egolatria.
Prometo te escrever depois, contando como estamos reagindo diante deste modificado cenário que é amenizado quando a árvore da solidariedade floresce e tenta sanar com seus frutos a ferida aberta dentro das indagações presentes nas identidades tocadas pelo destino.
Ah! mãe, a frase da música que falei acima, é aquela: "Compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem..." São palavras musicadas em verso do Renato Russo,  amado poeta melódico do meu tempo e tão inquieto como eu sou agora, e como antes não era.

Fique com meu beijo e meu respeito por suas decisões.
Lhe peço a benção, minha amada mãe Natureza.

Elisângela, ou Elisa como você se acostumou a me chamar.

6 comentários:

Cláudio disse...

Seu texto pode ser comparado com os lamentos de um poeta que se julga um grão de areia na praia mas que tem a consciência de que faz parte do universo. Elisa não me canso de ser surpreendido por suas idéias pé no chão.
Um beijo no seu coração

Cláudio

Márcia Venina disse...

Muito lindo, Elisa. Estamos sempre aprendendo, chorando, crescendo. Muito tocada com seu texto que me esclarece um pouco da confusão gerada dentro de mim pelos últimos acontecimentos.

bjs

Cau disse...

infelizmente é preciso tragédia para acordar o coração pra se pensar no próximo.
refleti muito.
bjs

Karen disse...

Há tempos são os jovens que adoecem.
é não é?
Lisa, publica no overmundo seu texto. Tá lindo demais.
Beijãaaaaaaaaao

Marinalva de Carvalho Caetano disse...

AMO essa sua forma de sentir e colocar seus sentimentos, a emoção aflora acompanhada de uma filosofia que tantos levam ao cientificismo sem deixar marcas do humano existente em cada um ....isso é um diferencial,filosofia + emoção = elisa... beijos no seu coração!

Wolney Rocha disse...

LINDA, MARAVILHOSA, NÃO SEI SE RIO OU SE CHORO...PARABÉNS MINHA ETERNA POETIZA.