Na minha véspera de alegria,
meu coração é só espanto e agora sangra junto com as mães que pensam estar seus filhos
em um lugar seguro onde se escreve e estuda o futuro.
O mundo tem tantos cenários para tragédias, praias lindas com o mar azul afogando gente por tsunamis,
serras verdes românticas sendo desmanchadas por avalanches de lama e saudades soterradas,
tudo me conduz ao estarrecimento, minha compaixão não tem limites e expande fronteiras para fazer o que aprendi desde pequena com minha avó: pedir a Deus forças para meus irmãos, assim, ela me dizia, era uma forma de enviar solidariedade com o pensamento do coração.
Todos os lugares deveriam servir de palco para a morte, menos a Escola; que sempre foi para mim, um templo de encontros de expectativas, convívios amistosos, construção de amizades, diário escrito para as descobertas, enfim, escola é feita para acontecer vidas e não mortes de qualquer natureza.
Minha dor já atravessou quilômetros de distâncias, indo parar em Columbine e outros lugares, notícias que chegavam pela tv, jornais e conversas com o alheio.
Hoje, fico sabendo da tragédia que assombrou uma patriota cidade maravilhosa, de imediato lembrei da velha frase: pensamos que só acontece com os outros e nunca com a gente. Estava entre meus alunos, crianças que estão aprendendo a conhecer suas vidas e ainda não sabem qual página será lida amanhã; quis o abraço protetor deles, o olhar, o sorriso, carinhos tantos e braços abertos a me receberem todos os dias, suas inocentes presenças para enxugar minhas lágrimas com seus apegos e isso eles conseguiram: acalmar minhas indagações diante do destino que a partir de hoje não sei mais de que forma será escrito enquanto a perplexidade existir.
Há braços.
Elisa