quarta-feira, setembro 30

Eles! quem são?

E vocês sabem quem são estes moços, meus amigos?
Já os viram por ai, andando pelas ruas
panfletando o imaginário ideal ou
arquitetando a próxima atração cujo tema
é a espinha dorsal para a sustentação apenas de suas vaidades?
Já ouviram falar de suas reputações esculpidas
no esforço confeitado da auto-promoção?
Eu acredito na verdade que cada um, precocemente ou não,
carrega dentro do baú dos seus objetivos.
Acredito na força que consagra o papel de um ser
enquanto coletivo.
Não, vocês jamais verão estes moços
figurando a imensa constelação das estrelas
que dão bobeira com seu próprio brilho (e cada um tem o seu e por que não?).

Eles não são os sonhadores da vez,
são aqueles que tem sonhos claros&reais
e um destes sonhos está retratado nesta imagem que aí em cima vos fala.

(Dia 29/09/09 - Apresentação de Cantos de Euclídes na UFRJ)
EC

sábado, setembro 26

A poesia que me fala

A poesia que me fala
não é aquela produzida
na elite dos apartamentos,
nas mãos engomadas dos iniciantes
que fabricam versos
por caprichos da filosofia da página vinte e um
no capítulo quatro da enciclopédia dos bancados estudantes.

A poesia que me fala
tem cheiro de capim molhado
do orvalho das manhãs,
tem a sabedoria da preta velha
agachada ao lado do fogão de lenha
soprando o borralho,
tem o tempero da comida simples
feita com sal, dois dentes de alho e muito amor inocente.

A poesia que me fala é igual a gente,
anda descalça
corre nas glebas da terra sulcada
toma banho de cachoeira em tarde ensolarada
veste saia de chita
nos cabelos são amarelos os laços de fita
e vai pra janela acenar para os viajantes
a poesia que me fala
não combina com gramática pedante.

A poesia que me fala
sobe na árvore pra colher o fruto,
come feijão com angu, torresmo e couve fininha
faz do toco de vela providencial
um venerável foco de luz
e sabendo-se filha ocidental
ajoelha-se aos pés da santa cruz.

A poesia que me fala
tem sanada as marcas da luta
não sabe ser osso de ofício quando me diz
que sou dela sua aprendiz,
assim eu sei que Deus me escuta.

EC

TônicoPoema

a palavra presa no ventre
não era a mais doce manifestação de álibi
ao corpus habeas
o tempo parou um pouco
para deliberação total
dos ecos e respostas
não houve retorno
o tempo seguiu descontente
com a palavra agarrada nos dentes
guardada em cofres
devotada ao santo dos pobres

oferte a esmola
derreta o cansaço
liberte o verbo
do seu mais carrasco embaraço
poema é tônico quando o verso
quer sair mais sofre de engasgo
cabe na ponta do dedo,
no conta gotas do si mesmo

dentro do líquido que cabe na colher
poesia chama a voz da saúde
para o bem assina carta de alforria
só adoece quem quer.

EC

quinta-feira, setembro 24

De tarde primeira vera

Insiste em fazer frio,
a chuva derrama nesta tarde
a teimosia do inverno
que parece fazer pirraça
e deixa respingos na janela;
embassando a vidraça
respirando com as mãos postas
olhando paisagens gris,
mantenho pensamentos que ainda dormem
debaixo de cobertor,
a natureza é a única que sabe
acordar o meu calor,
deixo-a mestre destes instantes,
enquanto espero o sol aparecer do lado de lá,
aqui dentro ele já está.

EC

terça-feira, setembro 22

Setembros

Inauguro aqui o mês de Setembro no vesperal da Primavera.
Faltam poucas horas para a natureza decretar a permanência das flores,
colorir os amores feitos nos ninhos
aves e fauna toda fazem festa,
hiberna o cinza do inverno que está se despedindo.
Os hemisférios comemoram e batizam
nomes para a sabedoria do tempo.
Amo a Primavera e todas as suas imagens,
seus acontecimentos
suas matizes.
Vou cuidar do meu jardim
afinal
as borboletas estão voltando
este ano a família aumentou
tem mais asas voando por aqui.
São amigos novos que fiz
Agora voaremos juntos,
pois viemos da mesma maturidade
de casulo.

EC